Levantamento feito pelo Jornal O Popular mostra que o isolamento imposto pela pandemia da Covid-19 atrasou diagnósticos, tratamento e procedimentos cirúrgicos para conter o câncer, a segunda maior causa de mortes no mundo, depois das doenças cardiovasculares. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, estima que entre 2023 e 2025 vão surgir 704 mil novos casos no Brasil, 26 mil deles em Goiás.
O impacto já é sentido no Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ) e na Unidade Oncológica de Anápolis, ambos da Associação de Combate ao Câncer de Goiás (ACCG), onde aumentou em 25% o número de pacientes atendidos entre 2021 e 2022, a maioria através do Sistema Único de Saúde (SUS).
“O que muda a incidência e a mortalidade por câncer são as prevenções primárias e secundárias”, lembra o cirurgião Jales Benevides Santana Filho, presidente da ACCG. Prevenção primária, o médico explica, são as orientações básicas para afastar o risco da doença, como evitar o sol em horários de pico, se exercitar, não fumar e se alimentar de forma saudável. Já as secundárias são as consultas médicas e exames de rastreio capazes de diagnosticar o câncer de forma precoce. “As pessoas estão chegando para o atendimento com a doença em estágio avançado.”
Estudo divulgado este ano, realizado em 11 países da América Latina e Caribe, pela Americas Health Foundation, com apoio da Roche, revelou que a interrupção dos serviços de tratamento de câncer na pandemia da Covid-19 poderá provocar a morte de 473 mil pessoas ou levá-las a uma catástrofe financeira e empobrecimento. O impacto foi maior nas mulheres. Mais de 95% dos médicos pesquisados relataram redução do número de mamografias de triagem.
Pelo relatório, o impacto econômico dos atrasos no diagnóstico do câncer, do início tardio do tratamento e das interrupções causadas pela pandemia pode chegar a US$ 10,7 bilhões nos próximos dez anos. Nesta análise estão concentrados os cinco tipos de câncer mais frequentes nesses países: próstata, mama, colorretal, pulmão e cervical. Somente o câncer de mama representa um custo de US$ 3,9 bilhões do impacto econômico total estimado.
Fonte: Folha Jaraguá